quinta-feira, 12 de março de 2009

"Quintas", Dia de Ricardo Araújo Pereira


Um grande beijo de plástico para a Barbie
De todas as bonecas que partilham o nome com carniceiros nazis, posso dizer que a Barbie é, sem dúvida nenhuma, a minha favorita
O 50.º aniversário da Barbie foi assinalado pela generalidade da comunicação social com uma altivez que se reprova. Uma boneca não pode celebrar 50 anos sem que a imprensa entreviste inúmeros críticos e não tente sequer falar com a aniversariante. Os jornalistas argumentarão que, sendo a Barbie uma boneca oca sem nada na cabeça, não faz sentido dar-lhe tempo de antena na comunicação social - mas a verdade é que esse critério nunca foi suficiente para os impedir de entrevistar alguém. Basta pensarmos na quantidade de entrevistas que eu tenho dado.
A Barbie tem sido vítima de uma das mais chocantes campanhas negras alguma vez urdidas em Portugal, país em que se urdem a toda a hora campanhas negras especialmente chocantes. Uma boneca que, em 50 anos de vida, desempenhou 108 profissões diferentes (é das poucas pessoas do mundo que se pode gabar de, no espaço de uma década, ter tido carreiras profissionais bem sucedidas quer como astronauta quer como instrutora de aeróbica - algo que Neil Armstrong tentou sem sucesso, nunca tendo conseguido ensinar competentemente o bodypump), foi apontada como símbolo da mulher doméstica - uma acusação que só pode ser explicada pela inveja que a reforma acumulada da Barbie, forçosamente, provoca nos críticos.
Pois bem, vejo-me forçado a defender a Barbie, até porque a Mattel costuma processar quem se mete com ela. Defendendo a Barbie estou, aliás, a defender-me a mim mesmo: só no ano passado foram vendidas cerca de 100 milhões de Barbies, metade das quais são propriedade das minhas filhas. A Mattel fez a descoberta comercial do século: todas as meninas nascem com uma vocação especial para a pirosice que esteve durante milénios à espera de ser capitalizada.
Começo então por dizer o óbvio: de todas as bonecas que partilham o nome com carniceiros nazis, posso dizer que a Barbie é, sem dúvida nenhuma, a minha favorita. Nunca gostei especialmente da Goebbels Assistente de Bordo e sempre considerei a Himmler Patinadora um pouco sinistra, mas a Barbie tem aquele encanto suave que, digam o que disserem, faltava a Klaus Barbie - apesar de partilhar o seu porte ariano. Claro que conheço as críticas segundo as quais o corpo da boneca é irrealista, mas não concordo. Actualmente há muitas senhoras que, quando chegam aos 50 anos, também já são quase todas de plástico. Tenho visto várias quinquagenárias bem mais inexpressivas do que a Barbie. E boa parte delas chega ao fim da vida com o rosto mais jovem que o Benjamin Button. Eis um filme cuja história é bem banal: basta ir a Cascais para ver meia dúzia de senhoras que sofrem da mesma doença.

3 comentários:

Anónimo disse...

É um ganda ponto este RAP.

Anónimo disse...

Proponho fazermos uma semana de luto em solidariesdade ao pessoal que anda a ser pressionado pela PJ. Durante 8 dias ninguém faz nada nos blogues. Inicio no domingo às 0 horas

Anónimo disse...

O teu blog é um espaço magnifico o teu eo do Hugo (Pelourinho) são os melhores blog de Estremoz