
A presidente do PSD deveria quebrar o tabu apenas depois das eleições. Talvez a meio do mandato. Até porque é mais provável que os eleitores votem num candidato que desconhecem do que os nomes que têm sido referidos

De facto, o destino da União Europeia não preocupa o português médio - pelo menos a fazer fé nas pessoas (e são muitas) que continuamente adivinham as intenções e os desejos do português médio. Uma das principais características do português médio é, aliás, fornecer informações periódicas das suas inclinações a portugueses um pouco menos médios que escrevem nos jornais. E a antipatia do português médio relativamente às europeias é bastante conhecida. Julga-se que, depois dos subsídios da década de 90, a União Europeia tenha perdido muito do prestígio de que gozava junto do português médio, especialmente a partir da altura em que arranjou emprego a Durão Barroso, atitude que o português médio só pode condenar.
Os partidos também não parecem particularmente interessados na União Europeia. O Parlamento Europeu tem estado para a nossa democracia como a Sibéria estava para a antiga União Soviética. É frequente que um militante incomodativo seja enviado pelo líder do partido para Estrasburgo, onde ele passa cinco anos a desejar ter ido para a Sibéria.
Neste contexto, a estratégia inovadora de Manuela Ferreira Leite saúda-se e, sobretudo, incentiva-se. Na minha opinião, a presidente do PSD deveria quebrar o tabu apenas depois das eleições. Talvez a meio do mandato. Até porque é mais provável que os eleitores votem num candidato que desconhecem do que nos nomes que têm sido referidos. Além disso, não faz muita diferença revelar o nome dos candidatos: de qualquer modo, ninguém sabe muito bem quem é que elegeu para o Parlamento Europeu. Por exemplo, Emanuel Jardim Fernandes e Sérgio Marques representam actualmente Portugal no Parlamento Europeu. No entanto, como há cinco anos foram anunciados sem tabus, ninguém os conhece. Só um tabu bem reservado e secreto pode dar-lhes a visibilidade que eles merecem.
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