sexta-feira, 31 de julho de 2009

"Quintas", Dia de Ricardo Araújo Pereira




A Gripe AJJ
Os socialistas estão a tentar convencer os eleitores de que as pessoas de esquerda são do PS, e Manuela Ferreira Leite está a ver se ninguém repara que Alberto João Jardim é do PSD

O leitor mais perspicaz já terá percebido a relação próxima que existe entre as listas do PS com candidatos de esquerda e o Hindenburg da Madeira, o zeppelin do PND que levou tiros de caçadeira em Chão da Lagoa. Infelizmente, porém, só uma pequena parte dos meus leitores é perspicaz - de outro modo, não seriam meus leitores. E é por isso que, por muito fastidioso que isso possa ser para os meus leitores mais perspicazes, me vejo obrigado a explicar aos menos perspicazes a razão pela qual as listas do PS e o zeppelin da Madeira são factos que devem ser analisados em conjunto.

Eu resumo os factos: Manuela Ferreira Leite contraiu uma conveniente gripe, e por isso ficou impedida de ir à ilha em que a propaganda dos partidos da oposição é abatida a tiro. Os assessores da presidente do PSD esclareceram que ela não sofria de gripe A, mas parece evidente que estamos perante um caso de gripe AJJ. Aos sintomas da gripe, junta uma espécie de alergia a Alberto João Jardim, que também é muito incomodativa. Quanto ao PS, está a formar listas de candidatos à Assembleia da República com gente que não é do PS. Ou seja, os socialistas estão a tentar convencer os eleitores de que as pessoas de esquerda são do PS, e Manuela Ferreira Leite está a ver se ninguém repara que Alberto João Jardim é do PSD.

A tarefa de Manuela Ferreira Leite será, provavelmente, mais difícil. Sobretudo porque tem sido tentada por quase todos os presidentes do PSD, sempre sem grande sucesso. Já a tarefa do PS, é sazonal. A mais curiosa característica do PS será, talvez, esta: quando está na oposição é um partido de esquerda, quando está no governo transforma-se no PSD. Habitualmente, por isso, a escolha dos eleitores faz-se entre o PSD normal e o PSD do Largo do Rato.

A estratégia do PS é interessante sobretudo porquanto dificulta o trabalho do PSD: quando estão no governo, os sociais-democratas enfrentam um opositor feroz que considera vergonhosas as suas políticas; quando está na oposição, o PSD tem de inventar discordâncias com um governo que é extremamente parecido com o seu.

O problema das listas do PS é que parecem desenhadas para compor a bancada socialista quando está na oposição. É verdade que, somados, os partidos à esquerda no PS tiveram, nas últimas eleições, mais de 20% dos votos, e é natural que os socialistas queiram recuperar alguns desses eleitores. Mas, na eventualidade mais ou menos remota de o PS ganhar as legislativas, terá a bancada parlamentar minada por gente que não costuma apoiar o PSD do Largo do Rato. Um putativo governo do PS terá maioria nas urnas, mas não no seu grupo parlamentar. Lá divertido vai ser.



http://aeiou.visao.pt/a-gripe-ajj=f523833

quinta-feira, 30 de julho de 2009

"Prisioneiros" na própria casa!

Recebi de um casal amigo um email com algumas fotografias e um vídeo acerca de uma situação muito complicada que estão a atravessar e que publico de seguida.
Estamos a falar de um caso grave de saúde pública que está a levar os proprietários de uma residência ao desespero. Diariamente assistem à entrada de dezenas de baratas no interior da sua habitação e estão de “mãos atadas” à espera que a Câmara Municipal actue.
Decidi não divulgar os nomes dos proprietários para preservar a sua identidade.
Esta situação NÃO OCORREU EM ESTREMOZ, mas numa localidade “vizinha”.
As fotografias são muito elucidativas.


“Olá Jorge,
Estive de férias e quando cheguei a casa deparei-me com um cenário invulgar para “os dias que correm”, como podes ver pelas fotos que te mando em anexo.
Esta não é uma situação nova, pois já tem um ano. De uma sarjeta, situada junto à minha residência, saem às centenas de baratas que penetram no interior da minha casa. Certas noites mais parecem um rebanho de ovelhas que sai para pastar (mas dos grandes). O que no início parecia uma coisa simples e que poderia ser resolvida com insecticida, passou, neste momento, a uma situação bem mais complicada. Para além da garagem, elas já me aparecem um pouco por todo o lado na minha casa. Em conversa com outros vizinhos apercebi-me que também eles têm o mesmo problema mas que, talvez por vergonha, não dizem nada a ninguém. Como eu os compreendo!
Durante a noite, eu e a minha família, somos prisioneiros dentro da nossa própria casa uma vez que nem sequer nos podemos dar ao luxo de abrir uma janela para não correr o risco de entrarem mais baratas. Pensei em fazer uma desinfestação mas foi-me dito que enquanto o problema não fosse resolvido no esgoto não valia a pena, pois "é deitar dinheiro para o lixo", foi a expressão utilizada.
Tal como no ano passado, depois de me ter apercebido de que o problema vinha dos esgotos falei com câmara e, tal como no ano passado, foi-me dito, entre outras coisas, que já tinham conhecimento e que era necessário abrir concurso público para se fazer uma desinfestação aos esgotos e que essas coisas levam o seu tempo. Ou seja, que espere que chegue o inverno e que a situação fique resolvida até ao próximo verão e então nessa altura se alguém se queixar volta-se a dizer o mesmo. Segundo me foi dito pela câmara no ano passado foi feita uma desinfestação… O que é curioso é que aqui na rua ninguém se lembra de nada. Aliás, a própria câmara não foi capaz de dizer o nome da empresa que tinha feito a mesma.”
CM


terça-feira, 28 de julho de 2009

IP2/ESTREMOZ - Grupo de cidadãos contesta novo traçado

Um grupo de cidadãos de Estremoz contesta o novo traçado proposto para a variante do Itinerário Principal (IP) 2, por considerar que põe novamente em causa interesses económicos, sociais, patrimoniais e ambientais.
Carlos Sarmento de Matos, representante do grupo de cidadãos, disse hoje à agência Lusa que a Estradas de Portugal "ignorou a decisão governamental" de 2007 e propõe agora um traçado para a variante do IP2 em Estremoz que "é praticamente o mesmo que teve o parecer negativo da Comissão de Avaliação de Impacte Ambiental e foi chumbado pelo Governo".
"As alternativas propostas põem em causa os mesmos interesses económicos, sociais, patrimoniais e ambientais que levaram o Governo, em 2007, a chumbar o traçado", salientou Carlos de Matos.
De acordo com o representante do grupo de cidadãos que se propõe defender os interesses de Estremoz, o traçado agora proposto aponta para duas vias, quando estavam previstas quatro, porque os "estudos apontam falta de tráfego".
Carlos Sarmento de Matos explicou ainda que empresários do sector vinícola investiram tendo em conta a anterior decisão governamental, que agora é posta em causa.
"Toda a argumentação que muitos cidadãos de Estremoz utilizaram para contestar o projecto de 2007 e que o Governo sancionou, está de novo em causa", salientou.
A solução alternativa proposta em 2007 pelo grupo de cidadãos, a construção da variante ao IP2, pela zona nascente da cidade, é "abandonada", segundo Carlos de Matos, no Estudo de Impacte Ambiental em discussão, com "argumentos pouco consistentes".
Segundo o processo de contestação que foi apresentado à Agência Portuguesa do Ambiente pelo grupo de cidadãos, a que a Lusa teve acesso, a 22 de Agosto de 2007, o Governo emitiu uma Declaração de Impacte Ambiental desfavorável à execução do projecto "IP2 Variante a Estremoz e Reformulação do Nó com a EN4".
Dois anos depois, refere o documento, a "Estradas de Portugal surge com um novo projecto, que é apenas novo na designação e no traçado específico, mas que é praticamente igual ao anterior quanto aos impactos negativos, uma vez que atravessa exactamente a mesma área que em 2007 se entendeu dever defender".
Em 2007, o que estava em discussão era a execução do projecto "IP2 Variante a Estremoz e Reformulação do Nó com a EN4". Agora o projecto apresentado é formalmente diferente e chama-se "IP2-IP6 (A23) Portalegre (IP7/A6".
O documento refere ainda que "contra tudo e contra todos e, assim parece, com o beneplácito silencioso da autarquia, a entidade proponente tenta inserir o projecto contestado e chumbado em 2007 num outro projecto mais vasto com a intenção de 'embrulhar' de outra forma e diluir a contestação sobre o traçado específico da zona de Estremoz.
Segundo o documento, na zona de Estremoz, "surgem agora três traçados, mas nenhum deles constitui uma alternativa aos outros porque atravessam praticamente a mesma zona e os seus impactos são exactamente os mesmos".
O Ministério do Ambiente chumbou em Agosto de 2007 o traçado proposto, na altura, para a variante do IP2 em Estremoz, devido a impactos negativos significativos, segundo um documento a que a Lusa teve acesso.
A construção do troço do IP2 que passa em Estremoz já havia sido chumbada pela Comissão de Avaliação de Impacto Ambiental, mas como o parecer desta entidade não é vinculativo coube ao Ministério do Ambiente uma decisão final.
A declaração de impacto ambiental, assinada a 22 de Agosto de 2007 pelo secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, diz que o "projecto induzirá impactos negativos significativos", nomeadamente em áreas de vinha, olival e montado.

http://www.destak.pt/artigos.php?art=36796

sexta-feira, 24 de julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

"Quintas", Dia de Ricardo Araújo Pereira

Tu andas na lua, homem
O mundo ficaria substancialmente diferente se deixassem de ser ficção as histórias daqueles filmes em que um canalizador acaba de consertar a torneira de uma senhora que, além de envergar apenas um avental, constata nesse momento que não possui quaisquer meios convencionais de pagamento de bens ou serviços

Quarenta anos depois, a ida do homem à Lua continua a impressionar-nos: como é possível que a humanidade tenha colocado dois ou três astronautas em solo lunar, mas continue sem conseguir parar a aparentemente irreversível queda de cabelo que me vai devastando a pelagem do osso frontal? Tenho muito apreço pela investigação científica e pelo valor simbólico da ida à Lua, mas emocionar-me-ia mais se a minha testa não estivesse a ficar mais ampla. Custa a entender que se avance para a Lua antes de estarem resolvidos alguns dos mais graves problemas da Terra, no topo dos quais está a calvície, especialmente a minha. Confesso que já fui menos sensível aos problemas dos carecas, mas vou ficando cada vez mais chocado com a ida à Lua à medida a que a minha cabeça se vai assemelhando à superfície lunar.

Não sou, evidentemente, o único desiludido com a viagem que faz agora 40 anos. Muitos escritores não podem deixar de ter sentido a aventura da NASA como um cínico ataque às suas obras: desde que Neil Armstrong pôs o pé na Lua, boa parte da ficção científica deixou de ser ficção. E, até certo ponto, científica. A saga de Hans Pfaall, o herói de Edgar Allen Poe que chega à Lua a bordo de um balão de ar quente, perde impacto quando comparada com o relato real do feito de 1969. A história de Michel Ardan, que, em Da Terra à Lua, Júlio Verne projecta para a Lua com uma espécie de canhão, deixa de ser fantástica se cotejada com a história de Neil Armstrong e seus colegas. E a proeza do Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand, que diz ter saído da Terra após um banho de mar sob a luz da Lua cheia, a qual teria atraído a água dos seus cabelos como faz com as marés, só mantém algum do seu interesse porquanto mistura a ida à Lua com o tema do cabelo - sugerindo, aliás, que a viagem lunar está vedada aos carecas, o que uma vez mais se lamenta.

A observação de que o passeio lunar dos americanos esvaziou a ficção científica é, no entanto, corriqueira. Pessoalmente, não me interessa o modo como a realidade ultrapassou certa ficção, mas o contrário: a possibilidade de que certa ficção se transforme também em realidade. Que outras histórias de ficção podem vir a tornar-se reais, após a chegada à Lua? Um monstro de Frankenstein verdadeiro seria interessante. Uma viagem no tempo, também. Mas, sobretudo, o mundo ficaria substancialmente diferente se deixassem de ser ficção as histórias daqueles filmes em que um canalizador acaba de consertar a torneira de uma senhora que, além de envergar apenas um avental, constata nesse momento que não possui quaisquer meios convencionais de pagamento de bens ou serviços. Eis um projecto no qual a NASA poderia investir com o meu beneplácito. Num mundo assim, ao que tenho visto, até os carecas se divertem.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Quintinhas “pegaram fogo”…. Mais uma vez!

Estava eu a trabalhar ontem, dia 20, nas instalações do jornal Brados do Alentejo quando, por volta das 22h30, ouço a sirene dos Bombeiros Voluntários de Estremoz. Como é habitual nestas situações, telefonei para o quartel dos soldados da paz a questionar acerca do sucedido. “Do outro lado da linha” responderam-me que estava a deflagrar um incêndio junto à antiga fábrica de cortiça. Dirigi-me ao local e para meu espanto (confesso que não foi assim tão grande) deparei-me com um incêndio no afamado “bairro residencial das Quintinhas”.
A arder encontravam-se pneus de automóveis ainda com as jantes. Segundo fui informado as jantes depois de queimadas não se conseguem identificar e já se podem vender. Isto é que é olho para o negócio!
Os bombeiros chegaram ao local, apagaram o incêndio e tudo voltou à normalidade. Bem, pelo menos durante uns breves instantes, pois 15 minutos depois foram chamados ao local pela mesma razão.
Esta situação é recorrente. Não há semana em que, pelo menos, duas ou três vezes os bombeiros não tenham que ir “às Quintinhas” apagar incêndios.
Não tenho nada contra os indivíduos de etnia cigana, mas andar a pagar a luz e água a quem não quer trabalhar deve repugnar a todos aqueles que diariamente são obrigados a levantar-se cedo da cama, a cumprir horários e, muitas vezes, aturar o patrão que passou mal a noite e está mal disposto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

ALCATRÃO EM S. LOURENÇO

A Câmara Municipal de Estremoz, em conjunto com a REN, está a realizar as obras de beneficiação da estrada municipal 505.
Trata-se de um troço que liga as freguesias de S. Lourenço de Mamporcão a S. Bento de Ana Loura.
Procede-se ainda, nesta intervenção, aos arruamentos na Freguesia de S. Lourenço de Mamporcão.
Esta intervenção iniciou-se há uns dias e prevê-se terminar no final do mês de Julho. Pretende melhorar as condições de circulação das pessoas, contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida.



domingo, 19 de julho de 2009

Mais do mesmo!!!

O lixo que se pode encontrar frequentemente junto aos contentores é cada vez em maior quantidade e diversificado. Desta vez, podemos observar na imagem um microondas e vários pára-choques de automóveis.

sábado, 18 de julho de 2009

Veteranos vão de férias!

À semelhança do que acontece na maior parte das modalidades desportivas, também o hóquei veterano do Clube de Futebol de Estremoz fez uma breve pausa para férias. O último treino realizou-se na passada 4ª feira, dia 15, e foi o culminar de uma época repleta de nódoas negras, boladas e arranhões, e que ficou marcada, essencialmente, pela boa disposição e convívio entre todos os atletas e amigos. Durante este ano também se realizaram alguns jogos amigáveis o que possibilitou o encontro com atletas de outros clubes.
O último treino, como sempre, foi sucedido pelo tradicional (e OBRIGATÓRIO) petisco que proporcionou a todos mais um agradável momento antes das férias. À mesa foi servido um magnífico leitão “regado” com um bom vinho e sangria.
A todos os atletas e amigos desejo umas boas férias.
Espero que um mês seja suficiente para curar todas as “mossas” feitas nos treinos!!!!


sexta-feira, 17 de julho de 2009

"Quintas", Dia de Ricardo Araújo Pereira


Gripe: Diga A
Nos filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas loucas. E porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para dizimar do que para vender jornais

Mais vasta e perniciosa do que a pandemia de gripe A, talvez só a pandemia de informações acerca da gripe A. Julgo que Esopo escreveu a fábula Pedro e o Lobo apenas porque, na Antiguidade, não havia jornais. Se houvesse, estou certo de que teria optado por escrever a fábula O jornalista e a pandemia.

Que me lembre, esta é a terceira pandemia que o mundo enfrenta com sucesso no espaço de 10 anos. Primeiro, a doença das vacas loucas ia dizimar dois terços da humanidade, e a imprensa publicou artigos que ensinavam a distinguir um bife infectado de um bife escorreito, entrevistas a cientistas, criadores de gado e homens do talho, e reportagens sobre ministros que comiam miolos. Depois, a gripe das aves ia matar mais do que a peste negra. Vários pombos faleceram e algumas gaivotas ficaram estropiadas para sempre, mas a pandemia acabou por nunca se verificar. Neste momento, vivemos a pandemia da gripe suína. Já foi dito que a gripe A é menos perigosa e letal do que a gripe vulgar, mas até agora isso não impediu nenhum jornalista de ir para a porta do hospital contar toda a gente que entra nas urgências a espirrar. Se, de facto, estamos perante uma versão mais fraca mas igualmente contagiosa da gripe normal, os jornalistas terão muito trabalho para acompanhar todos os casos, como parece ter sido a intenção até aqui. Todos os estágios da gripe A terão de ser relatados, e portanto não bastará comunicar ao país que se registaram 20 novos casos. Será necessário informar que os 73 casos registados no distrito de Setúbal já estão a canja de galinha, ao passo que os 92 casos do distrito de Beja ainda se assoam com uma regularidade apreciável (12 vezes por hora).

É certo que será urgente descobrir um tratamento eficaz para todas estas doenças, mas não é menos urgente encontrar melhores nomes para elas. Vacas loucas, gripe das aves e gripe dos porcos, por muito que sejam depois rebaptizadas mais dignamente com as aborrecidas (e, logo, mais honradas) designações BSE, H5N1 e H1N1, têm problemas de credibilidade inultrapassáveis. É difícil temer doenças que atacam a bicharada com resfriados e loucura. Qualquer dia aparece o pé de atleta dos texugos, ou o herpes labial da mosca, esses sim verdadeiramente mortíferos e pandémicos - e ninguém acredita.

Acaba por ser inquietante registar que os animais andam, pelos vistos, a conspirar para gerar pandemias. Nos filmes, quem procura devastar o planeta com vírus novos são cientistas loucos. Na realidade, são vacas loucas. E porcos constipados. Felizmente, até agora, a bicharada tem evidenciado menos talento para dizimar do que para vender jornais.

http://aeiou.visao.pt/gripe-diga-a=f516583

sexta-feira, 10 de julho de 2009

"Quintas", Dia de Ricardo Araújo Pereira



Hasta la vista, Pinho
Tendo em conta o trabalho feito por Manuel Pinho no seu ministério, nenhum daqueles cornos seria, de certeza, o corno da abundância

São semanas como esta, em que um ministro é demitido e os dias seguintes são passados a tentar apurar o significado e o destinatário de um par de cornos, que me fazem perceber como estive desatento nas aulas de Ciência Política. Os chifres são, ao que vejo agora, um elemento central da actividade parlamentar, mas eu desconheço em absoluto as principais ideias produzidas sobre o tema. De Platão a John Rawls, todos lhes terão dedicado ao menos um capítulo - e eu não vi. De chavelhos, confesso, não percebo a ponta dum chavelho.

Ainda assim, é meu dever tentar perceber a razão pela qual Manuel Pinho acabou como Manolete: por causa de um par de cornos, a sua carreira chegou ao fim. Qual é, então, o significado político das hastes de Pinho? Com que fim as apontou à bancada do PCP? Quanto tempo depois da conclusão do ciclo preparatório é aceitável que, numa discussão, um indivíduo continue a fazer corninhos na direcção do seu interlocutor? São estas as questões que precisam de resposta urgente.

A queda de Pinho, mais que uma explicação política (ou até tauromáquica), tem uma explicação religiosa - até porque estava prevista na Bíblia. Chamo a atenção do leitor para o salmo 75, versículo 5: "Disse eu aos loucos: não enlouqueçais; e aos ímpios: não levanteis os cornos. Não levanteis em alto vossos cornos." Não surpreende que quem desobedece ao Senhor acabe castigado. Mas impressiona que até Deus, na sua infinita bondade, também já tenha perdido a paciência com o governo do PS. Mas que cornos eram, afinal, aqueles? Possivelmente, nunca o saberemos, mas tendo em conta o trabalho feito por Manuel Pinho no seu ministério, nenhum daqueles cornos seria, de certeza, o corno da abundância. Podemos não saber que cornos eram, mas temos uma ideia de que cornos, garantidamente, não eram.

O meu sonho é que a economia portuguesa, um dia, venha a ter a importância e a protecção que tem a honra de Bernardino Soares. O ex-ministro já tinha previsto o fim da crise mesmo antes dela se agravar, já tinha apelado ao investimento estrangeiro argumentando que os portugueses ganham pouco, já tinha garantido a salvação de empregos que acabaram por se perder, já tinha até violado a lei (quando fumou a bordo de um avião, na companhia do primeiro-ministro). Nunca teve o lugar em perigo. Mas quem faz corninhos ao Bernardino Soares tem de sair. Será importante não esquecer que Manuel Pinho era Ministro da Economia e da Inovação. E deve assinalar-se o sentido do dever que manteve até ao último minuto em funções: caiu, mas caiu a inovar. Nunca antes um Ministro da Economia havia sido demitido por falta de educação. A um Ministro da Economia não se exige muito - nem sequer que saiba de economia. Entre as regras da civilidade e as da economia, o ministro deve dominar as primeiras. As outras, logo se vê.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Recuerdo de Pinho...

NOITES DE VERÃO EM ESTREMOZ

NOITES DE VERÃO EM ESTREMOZ

A Câmara Municipal de Estremoz promove, nos meses de Julho e Agosto, um conjunto de apresentações, às 21:30h, em frente à Casa de Estremoz, por forma a animar as noites quentes de verão que se fazem sentir por cá.
Assim, o programa para o mês de Julho é o seguinte:

03 JUL DANÇA
RANCHO FOLCLÓRICO "A CONVENÇÃO" DE EVORAMONTE
Não se conhece a data da sua fundação, mas sabe-se que a primeira actuação ocorreu em 1950.
Depois de uma pausa, o grupo retomou a sua actividade em 1982 e desde essa data que desenvolve a sua actividade em prol da divulgação do património tradicional português. É formado por cerca de 50 elementos que atravessam várias gerações, levando o nome de Evoramonte aos mais diversos locais.

04 JUL MÚSICA
BANDA DA ESTRADA DO BAIRRO, Associação Cultural do Imaginário
Trata-se de um quarteto em formato de jazz a que se junta uma voz feminina, mas em que o jazz surge mais como um ponto de partida do que um fim em si. Na realidade, a partir deste ponto de fuga, aborda-se um repertório com origem noutras tradições musicais da tradição musical portuguesa a outras fontes da tradição musical da Europa até África e América Latina, passando por composições dos próprios elementos da banda – a que a universalidade das fórmulas do jazz, em particular a improvisação, permite uma abordagem inovadora.

11/12 JUL PLURIDISCIPLINAR
CIÊNCIA NA RUA
Ciência e as Artes aliam-se durante duas noites para recriar algumas das grandes descobertas científicas que fazem parte do nosso imaginário. Do EUREKA de Arquimedes, ao PÊNDULO de Foucault e à PASSAROLA do padre Bartholomeu de Gusmão tentando vencer a atracção da gravidade que nos prendia à Terra, muitas são as situações em que a imagem da descoberta científica se sobrepõe à própria experiência.

18 JUL TEATRO
AUTO DA FESTA, Cendrev
Espectáculo de teatro com música ao vivo.
A peça inicia-se com um discurso da Verdade, em que esta elogia o teatro e critica a corrupção existente na corte. As duas ciganas lêem a sina aos espectadores em castelhano e pedem-lhes dinheiro ou prendas. Uma das ciganas dirige-se à Verdade, que as expulsa. Em resposta, a cigana prevê-lhe um futuro sombrio.
O espectáculo conta com encenação de José Russo, música original de Carlos Marecos e cenografia e figurinos de Inês de Carvalho. A interpretação está a cargo de Álvaro Corte Real, Ana Meira, Figueira Cid, Isabel Bilou, Jorge Baião, Maria Marrafa e Rui Nuno e a interpretação musical é da responsabilidade de Bruno Cintra, José Silva e Mário Vinagre.

24 JUL MÚSICA
ORQUESTRA DE SOPROS DA ALÉM TEJO MÚSICA
A Além Tejo Música – Associação Regional de Bandas Filarmónicas do Alentejo em colaboração com o Município de Estremoz irá promover um Estágio de Verão para jovens músicos entre 20 e 24 de Julho, em Estremoz com vista a selecção dos futuros membros da “Orquestra de Sopros da Além Tejo Música”. No final realizar-se-á um concerto, sob a direcção do Maestro Carlos Marques onde será apresentado publicamente o trabalho desenvolvido ao longo do estágio.

25 JUL MÚSICA/CINEMA
Filme/Concerto NANOOK, de Robert J. Flaherty
Este projecto tem como base, transportar para o presente uma técnica comum nos primórdios do cinema e na exibição de filmes mudos. Resume-se assim, à apresentação, ao vivo, de uma banda sonora composta para o documentário “Nanook”, recorrendo a alguns dos mais modernos instrumentos de interpretação e criação musical. Diferentes ambientes e elementos sonoros serão abordados através das fortes emoções transmitidas pelas imagens. O objectivo não se prende apenas com o tentar modernizar ou actualizar, mas sim com o de reavivar um filme considerado por muitos, um marco histórico do cinema.

31 JUL MÚSICA
SOCIEDADE FILARMÓNICA ARTÍSTICA ESTREMOCENSE "UNIÃO"
Colectividade fundada em 11 de Agosto de 1871, começou por se denominar União Filarmónica Estremocense, daí ainda hoje ser conhecida por "União". Foi no seio desta instituição que nasceu o Orfeão de Estremoz "Tomaz Alcaide", em 1930, e a Orquestra Típica Alentejana, em 1955. teve também um Grupo Dramático em inícios do século XX, que foi dos primeiros deste género em Estremoz. Conta actualmente com cerca de 40 músicos e 45 alunos na sua Escola de Música.
SOCIEDADE FILARMÓNICA LUZITANA
Fundada a 25 de Agosto de 1840, foi considerada pela Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio como a banda filarmónica mais antiga de Portugal com actividade ininterrupta. Funda uma Orquestra em 1916 na inauguração do seu Salão de Baile. Em 1953, através da recém-criada secção de teatro, apresenta no Teatro Bernardim Ribeiro a fantasia musicada "Rapsódia Lusitana". Em 2005, em conjunto com o Orfeão de Estremoz "Tomaz Alcaide" e a Sociedade Filarmónica Artística Estremocense, reata a tradição da realização do corso carnavalesco.

150 anos de prisão? Só?
O sistema de justiça americano, tantas vezes apontado como exemplo, acaba por não ser muito diferente do nosso: Madoff foi condenado a 150 anos; em Portugal, o julgamento duraria 150 anos. As semelhanças são óbvias

A condenação de Bernard Madoff a 150 anos de prisão não pode deixar de indignar todos os que possuem o mais pequeno sentido de justiça: Madoff é o responsável pela maior fraude financeira de sempre e nem assim apanhou prisão perpétua. Como é evidente, é improvável que Madoff cumpra a pena e, aos 221 anos, saia da prisão ainda a tempo de gozar a vida durante um quarto de hora - mas também não era provável que enganasse toda a gente durante 20 anos. Uma coisa é estar preso para sempre; outra é poder sair ao fim de 150 anos. É uma hipótese remota, mas é uma hipótese. Sobretudo se alguém lhe fizer aos anos de prisão o mesmo que ele fez às contas bancárias dos clientes: ao princípio parecem números muito elevados, mas em pouco tempo estão reduzidos a nada. Além do mais, todos sabemos como funciona o sistema: estas pessoas que têm dinheiro para pagar a bons advogados levam 150 anos mas depois, ao fim de 75, já estão cá fora por bom comportamento.

A pena leve de Bernard Madoff tem uma explicação: o julgamento foi feito com um descuido inaceitável. Em seis meses, Madoff foi preso, acusado e julgado. Recordo que se trata da maior fraude de sempre, que durou duas décadas. Ainda assim, foi julgada em meio ano. Oliveira e Costa está preso há sete meses. O caso Casa Pia começou a ser julgado em Novembro de 2004. Seis meses não chegam nem para fazer as bainhas às togas de todos os magistrados envolvidos.

Pela minha parte, registo com surpresa que o sistema de justiça americano, tantas vezes apontado como exemplo, acaba por não ser muito diferente do nosso: Madoff foi condenado a 150 anos; em Portugal, o julgamento duraria 150 anos. As semelhanças são óbvias. Como sabe qualquer leitor de Kafka, certos processos conseguem ser tão penosos como uma sentença. No entanto, como sabe qualquer residente em Portugal, a generalidade dos processos portugueses imita a história de Kafka a contrario: em lugar de um inocente que é submetido a um processo longo, absurdo e excruciante, temos um culpado que é submetido a um processo longo, absurdo e prazenteiro. Josef K. anda de tribunal em tribunal, em Praga, até perceber que o seu processo se arrastará indefinidamente; João Vale e A. anda de casa de luxo em casa de luxo, em Londres, porque já percebeu que o seu processo se arrastará indefinidamente. São histórias muito semelhantes, igualmente absurdas, mas a natureza do processo é ligeiramente diferente. Os processos, em Portugal, só são excruciantes para os queixosos.